21 de nov. de 2009

Comentário rápido a respeito de tirinha

(1) O racismo pode explicar porque o negro se encontra inicialmente abaixo do branco, mas não necessariamente explica porque tal situação se perpetua, a menos que se identifiquem instituições de conotação racista presentes na sociedade. Insistir na política de cotas é tentar consertar o passado; que é inalterável, ao invés de focar no que deve mudar no presente para que o futuro, que é incerto, possa ser diferente.

(2) Nem todos os brancos que se encontram acima dos negros estão na posição atual por conta de uma vantagem adquirida num passado de exploração. Muitos são imigrantes europeus que vieram de um contexto diferente dos brancos nativos

(3) Nem todos que se encontram acima dos negros são de origem branca. Há casos de sucesso variado obtido por asiáticos, e nem por isso se deduz que há algum sistema racista que privilegie os asiáticos

29 de abr. de 2009

Críticos do liberalismo - o problema dos historicistas
Os críticos do liberalismo sempre gostaram de apontar o que consideravam como caráter a-histórico do pensamento liberal. Mas esta crítica, em sua maior parte das vezes, ou é vazia ou é injusta.
Ela é vazia porque toda teorização, ao buscar relações permanentes entre objetos e coisas, ou seja, para estabelecer a dinâmica de funcionamento dos fenômenos encontrados no mundo, sempre se dá em forma a-histórica, ao tentar encontrar uma raiz comum que explique, para além daquilo que aconteceu, como as coisas acontecem.
Vejamos por exemplo a biologia. É certo que as criaturas biológicas são historicamente delimitadas, afinal a vida é um processo que ocorreu a partir de um certo momento do tempo, e os organismos surgiram ao longo deste início até os dias de hoje. Isso signifca que, por serem estruturas limitadas em sua duração temporal, elas não possam ser estudas sob a luz de relações universais e constantes ao longo do tempo? Tal discurso é no mínimo descabido. Apontar a historicidade das coisas estudadas não implica em abandonar a crença na existência de relações permanentes. Apontar que a formulação de leis naturais é historicamente delimitada também nada nos acrescenta. Dizer que uma lei natural explicita relações universais não é o mesmo que dizer que uma tentativa de estabelecer uma lei universal seja necessariamente correta. A relação apontada por uma lei universal é, por construção, infalível. Mas o estabelecimento das leis universais por parte dos homens não o é.
Além disso, ela é injusta porque, diante da aventura humana desde o surgimento da civilização(que é até onde podemos traçar com um grau de segurança aceitável), a história do exercício do poder foi sempre a história do seu abuso. Tiranos, abertamente conquistadores ou mascaradamente benevolentes, reis solitários ou castas dominantes, o poder sempre foi exercido seja de forma leniente, ou desastrosa mesmo. A falha de coordenar o funcionamento da sociedade através do planejamento central tem sido a marca de todos esses milênios em que a humanidade tem lutado contra a escassez dos recursos e contra os seus próprios semelhantes.
O trunfo do liberalismo foi tentar identificar, nos poucos rastros de progresso acumulados nessa história, os elementos institucionais que tornavam possível uma convivência pacífica, os incentivos ao progresso material e o desenvolvimento dos mecanismos limitadores do poder tirânico. Neste sentido, a tarefa liberal é essencialmente histórica. Já os historicistas, presos a seus modelos mentais de dinâmica histórica, que contraditoriamente se alicerçam sobre bases deterministas, parecem a todo momento jogar fora os dados comunicados pela experiência acumulada(história) humana. Se existe alguém que inventa uma história humana que não se confunde com a real(que sempre julgam como 'aparente'), são os inimigos do liberalismo.