22 de jan. de 2007

Agenda liberal: a parte econômica I

Esclarecida a importância do liberalismo econômico, entro em detalhes de um agenda positiva de reforma.

O primeiro ponto é permitir o funcionamento dos mecanismos de mercado. A idéia de que o mercado é fruto da ação humana, mas não da intenção humana, é central para entender o seu funcionamento. Variáveis como preço, lucro e salário só fazem sentido quando analisadas dentro da estrutura de mercado, que é fruto da interação entre os homens, mas cujo resultado efetivo não foi planejado por nenhum dos agentes. Quando falamos "a decisão deve ser deixada a cargo do mercado", não estamos nos referindo a nenhuma entidade consciente que toma decisões, mas sim de um resultado que é produzido por indivíduos conscientes de seus atos, mas não-conscientes de todos os seus efeitos. Confesso que este é um nível de abstração que me deixa um tanto quanto confuso, incrédulo até. A maioria dos economistas se beneficiam do ferramental matemático para entender este funcionamento. Mas o mérito de explicar este fenõmeno em palavras é do pensador austríaco Hayek, que se utilizou de toda uma tradição de estudos sobre ordem espontânea para formulá-la.
Expressões como "preço justo", "lucro excessivo", "salário baixo" são desprovidas de sentido fora dos dados fornecidos pelo próprio mercado. Um preço "justo" é aquele que encontramos de maneira rotineira no mercado, um lucro "excessivo" é aquele que foge da taxa de lucro esperada pelos agentes, um salário é considerado "baixo" se está abaixo da remuneração corrente de uma dada atividade. O governo nada tem a fazer nesta área, visto que o mercado cria e destrói expectativas, faz parte da sua própria "natureza" operar desta forma.
O segundo ponto é a defesa incondicional do livre comércio, de maneira unilateral. O país que pratica protecionismo apenas se prejudica. É nonsense praticar protecionismo em represália, pois isto nos prejudica também! É verdade que o protecionismo alheio nos prejudica no sentido de evitar que ocorram relações voluntárias que nos seriam benéficas, mas a partir disto defender que também proibamos outras relações voluntárias apenas piora nossa situação. O protecionismo só é justificável em situações de guerra eminente.

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