19 de jun. de 2007

Provocação

Você precisa ser dono de algo ou possuir uma determinada habilidade para se beneficiar do fato de outra pessoa possuir tal objeto ou habilidade? Este é um argumento muitas vezes usado.

Por exemplo, quando falamos das maravilhas da Internet, muitas vezes algumas pessoas acusam de que 'nem todo mundo tem acesso a Internet'. Esqueça o argumento de que provavelmente no futuro a percentagem da população com acesso a Internet aumentará. Vamos supor que não seja o caso. Isto significa que, para os que não acessam a Internet, sua vida continua a mesma com a existência de acesso por parte de alguns? E mais: será que perseguir a total igualdade de acesso necessariamente aumentaria os benefícios que as pessoas obtém ou, de alguma forma, o acesso desigual seria mais benéfico?

Podemos pensar nesta mesma questão para educação, por exemplo. Será que nos beneficiamos com um pouco mais de educação melhor para alguns do que garantir com que todos tenham o mesmo nível de educação(que, supondo constante os recursos disponíveis, talvez implicasse numa qualidade menor)?

Há um certo pressuposto de que todos devem ter o mesmo acesso a determinados tipos de bem, mas não é claro, para mim, que mesmo que persigamos objetivos igualitaristas as pessoas estarão se beneficiando mais da posse direta do que da posse desigual deste mesmo bem. A não ser que haja um viés na avaliação, deveríamos estar abertos, inclusive, a tirar renda das famílias mais pobres para financiar a educação dos mais ricos. Claro que essas políticas possuem efeitos distintos no curto e no longo prazo, mas de qualquer forma a rejeição, a priori, de certos esquemas parece nos indicar que os indivíduos estão perseguindo objetivos distintos daqueles que declaram.

4 comentários:

Anônimo disse...

Gabiru:

Acho que a medicina é um exemplo, digamos, mais palpável para quem pensa o contrário do exposto aqui. excelente a provocação.

Anônimo disse...

gabiru:

digo, (medicina como exemplo palpável) para utilizarmos a regrinha de argumentar de acordo com premissas aceitáveis por parte do ouvinte, sem fazer que o próprio argumento seja mais importante que a premissa.

Reginaldo Macêdo de Almeida disse...

Renato,

Há que se separar o básico do supérfluo.

Eu creio no que eu chamo de pilares liberais para uma realidade brasileira:

Saúde, segurança e educação básica para todos. O resto cada um que persiga os seus objetivos.

O exemplo da internet para todos é muito bom. Para algumas pessoas, ter internet ou não é indiferente, porque mesmo que a tivessem, ou não precisariam, ou não saberiam usá-la.

O problema é que no Brasil existem muitas pessoas ilumindadas que crêem saber determinar as necessidades de todos. Obviamente que estas mentes coroadas nunca encontrariam lugar na iniciativa privada, porque sempre raciocinam como se o cliente fosse eles. Falta muuuuuita empatia nos brasileiros e nos seus governos, já casuismo...

negoailso disse...

'saúde, segurança e educação básica' - pilares liberais?