25 de ago. de 2006

É o liberalismo, estúpido - parte 2

Na primeira parte desse ensaio, enumerei os pontos que considero fundamentais na paralisia da esquerda perante a política externa do governo Bush. Na segunda parte, analiso as perspectivas futuras para essa mesma esquerda.
A esquerda colocou-se do lado da paz. E quer monopolizá-la de qualquer forma. Mas, para isso, se abstém de tomar partido. E, quando toma, escolhe sempre o lado errado. Essa é a tragédia dos tempos modernos. Num mundo em que cada vez mais nossas ações seguem regras burocráticas(uma vida livre é vista como errática, e as pessoas "compram" a oportunidade de viverem algum tipo de risco), as decisões extraordinárias nos parecem terríveis e tentamos evitá-las, de qualquer jeito. Por isso não entendemos o uso da força, já que hoje dficilmente a utilizamos no dia-a-dia, a delegamos a uma organização burocrática do Estado, seja a polícia, seja a força militar.
Não adianta um dos lados não querer o conflito. A paz é uma construção, mesmo que seja um conceito negativo. É preciso criar condições para a paz. Somos uma civilização cansada da guerra mas imersa num mundo com mentalidade tribal.
E o Ocidente(leia-se democracias liberais consolidadas) é consumido pelos seus próprios paradigmas, que não são aplicáveis aos outros povos. Não aceita a morte de inocentes, nem o uso da tortura, a ausência da liberdade de expressão, a restrição das liberdades individuais. Mas como lutar com inimigos que usam e abusam desses artifícios?
Pode-se responder, e com razão, que não devemos abrir mão daquilo que nos distingue, pois se combatermos o mal com as mesmas armas dele, nos transformamos no que temos repulsa. Concordo com essa argumentação. O problema é quando damos carta branca ao "outro" para que haja de acordo com seu próprio código - e esse é o erro fatal da esquerda internacionalista. Não condena o terrorismo islâmico, nem regimes autoritários como o do Irã e da Venezuela. Da crítica à política externa americana, partem para o mais primitivo anti-americanismo, não visto com essa intensidade nem mesmo nos anos 60.
Como sair desse labirinto mental? Certa parte da esquerda parece ter descoberto parte da resposta: o manifesto de Euston.

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