Qualquer pessoa bem educada deveria conhecer a posição conservadora. Afinal, em última instância, o autor conservador possui a argumentação certeira ao leitor novo: "você é filho da ordem que eu defendo". Em certo sentido, rebelar-se contra a ordem vigente é entrar em guerra interna contra si, um acerto de contas existencial e, portanto, cósmico. Quem deseja mudar o mundo sem conhecê-lo nada mais faz do que a revolta sem causa do adolescente: o excesso de mimo leva à única afirmação que lhe resta, a de querer ser gente. E isso reflete-se num nível intrigante: a recusa em assumir responsabilidade. Ele quer ser gente, mas não essa gente que vemos por aí. É uma gente diferente, nova. A esperança do novo homem é fundada num medo irracional do homem antigo.
Oposta mas não exatamente contrária é a posição do conservador jovem. Ele também se encontra em guerra contra si, também é incapaz de assumir responsabilidades. Mimado, se revolta contra o mundo, mas o seu triunfo se dá quando diz: "eu não temo o mundo, mas não quero me misturar com essa decadência toda". Seu conservadorismo é milenar, refém de uma ordem que se perdeu há séculos. Lamenta um mundo que não viveu e, portanto, se recusa a viver no mundo em que se encontra. Aristocrata sem linhagem nobre, cultiva hábitos de uma elite que, se ainda viva, certamente o recusaria como membro. Quer a missa em latim, mas não entende a língua. Exalta autores que não leu, apenas para constatar a mediocridade dos modernos.
Um comentário:
às vezes eu te acho mesmo genial
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