Muito interessante o último artigo publicado pelo economista Claudio Shikida, sobre o que teria motivado a reeleição de Lula. Mas, ao ler o artigo, acabei pensando em outra questão, que é a seguinte: a matemática AFASTA leitores que não a compreendem de ler artigos que a utilize ou a discuta.
Claro que, como um paper, a discussão do modelo e a explicação do uso que é feito da matemática é perfeitamente compreensível. Mas se, por exemplo, um amigo meu que cursa História quiser ler o tal paper, provavelmente ele reclamará da 'inútil' e 'tediosa' discussão da matemática.
Mas isso não aconteceria com outros trabalhos? Por exemplo, um trabalho de sociologia que citasse autores ou idéias desconhecidas e incompreensíveis para um determinado leitor? Arrisco dizer que não. A diferença é a seguinte: enquanto que no uso do português, o indivíduo compreende o que está sendo expresso(reconhece as letras, a palavra, a estrutura gramatical), a maior parte das pessoas desconhece a linguagem matemática utilizada naquele nível. Mesmo que o indivíduo não entenda, por agora, o significado daquilo que foi expresso em língua portuguesa, ele compreende que algo foi expresso. Já quando se utiliza a linguagem matemática, ele não faz a mínima idéia daquilo que se tentou expressar.
Ou seja, o uso do português, mesmo que não seja claro, é superior ao uso da matemática, mesmo que corretamente utilizada, visto que no primeiro caso o indivíduo compreende exatamente por quais formas o pensador tentou expressar suas idéias, enquanto que no segundo ignora por completo o procedimento que foi adotado.
Pode-se argumentar, então, que os indivíduos só se importam com os resultados da pesquisa, mas não é exatamente verdade, pois também se interessam em refazer os passos que foram dados para alcançar aquele resultado. Mas até que ponto os indivíduos, pelo menos os leigos, querem refazer esses passos ou simplesmente tomar nota de que eles foram dados?
Como podemos resolver este impasse? Por parte do Shikida, escrever um artigo destinado ao público em geral, 'escondendo' a discussão matemática e do modelo, ainda que citando esta discussão em algum lugar, e resumindo os dados obtidos. Por parte do público em geral, dotá-lo de conhecimento matemático suficiente para entender aquilo que foi feito e depois discutido.
update:
Shikida me respondeu em seu blog(que também não é só dele, assim como o paper), aqui. É mais ou menos um artigo de jornal que eu sugiro sim, mas talvez um pouco mais longo que um artigo. Como eu disse, não vejo defeito algum na apresentação do artigo, que tem que ser daquele jeito mesmo, apenas penso nos outros 'companheiros' de humanidades(cientistas políticos, sociólogos, historiadores, etc) que podem ficar 'boiando'. Apesar de que, na minha opinião, isto se deva mais a um defeito de formação mesmo, e no longo prazo o ideal seria formá-los de tal forma a ler um paper desses sem maiores problemas.
Claro que, como um paper, a discussão do modelo e a explicação do uso que é feito da matemática é perfeitamente compreensível. Mas se, por exemplo, um amigo meu que cursa História quiser ler o tal paper, provavelmente ele reclamará da 'inútil' e 'tediosa' discussão da matemática.
Mas isso não aconteceria com outros trabalhos? Por exemplo, um trabalho de sociologia que citasse autores ou idéias desconhecidas e incompreensíveis para um determinado leitor? Arrisco dizer que não. A diferença é a seguinte: enquanto que no uso do português, o indivíduo compreende o que está sendo expresso(reconhece as letras, a palavra, a estrutura gramatical), a maior parte das pessoas desconhece a linguagem matemática utilizada naquele nível. Mesmo que o indivíduo não entenda, por agora, o significado daquilo que foi expresso em língua portuguesa, ele compreende que algo foi expresso. Já quando se utiliza a linguagem matemática, ele não faz a mínima idéia daquilo que se tentou expressar.
Ou seja, o uso do português, mesmo que não seja claro, é superior ao uso da matemática, mesmo que corretamente utilizada, visto que no primeiro caso o indivíduo compreende exatamente por quais formas o pensador tentou expressar suas idéias, enquanto que no segundo ignora por completo o procedimento que foi adotado.
Pode-se argumentar, então, que os indivíduos só se importam com os resultados da pesquisa, mas não é exatamente verdade, pois também se interessam em refazer os passos que foram dados para alcançar aquele resultado. Mas até que ponto os indivíduos, pelo menos os leigos, querem refazer esses passos ou simplesmente tomar nota de que eles foram dados?
Como podemos resolver este impasse? Por parte do Shikida, escrever um artigo destinado ao público em geral, 'escondendo' a discussão matemática e do modelo, ainda que citando esta discussão em algum lugar, e resumindo os dados obtidos. Por parte do público em geral, dotá-lo de conhecimento matemático suficiente para entender aquilo que foi feito e depois discutido.
update:
Shikida me respondeu em seu blog(que também não é só dele, assim como o paper), aqui. É mais ou menos um artigo de jornal que eu sugiro sim, mas talvez um pouco mais longo que um artigo. Como eu disse, não vejo defeito algum na apresentação do artigo, que tem que ser daquele jeito mesmo, apenas penso nos outros 'companheiros' de humanidades(cientistas políticos, sociólogos, historiadores, etc) que podem ficar 'boiando'. Apesar de que, na minha opinião, isto se deva mais a um defeito de formação mesmo, e no longo prazo o ideal seria formá-los de tal forma a ler um paper desses sem maiores problemas.
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