Os gays querem casar. O que devemos fazer? Modificar a definição de casamento? Mas isso não seria um absurdo, atentar contra a própria definição de casamento?
Bem, depende. No Ocidente, durante séculos, somente a mulheres virgens era permitido que se casasse(inclusive o casamento era anulado se o marido descobrisse que sua parceira não era casta quando se casou). Até recentemente, em algumas localidades de forte tradição católica, casamento durava para sempre: não existia o instituto do divórcio, nem mesmo para casamento civil. Que, aliás, também é uma inovação recente. Em Israel, todo casamento é religioso, apesar de não ser restrito aos judeus: casamentos entre cristãos e islâmicos também são reconhecidos.
O argumento básico contra o casamento entre homossexuais é, sem dúvida, que os homens não podem ter filhos e que, portanto, a união entre eles não pode ser considerada como casamento. Mas como ficam, nesse caso, os casais heterossexuais inférteis? Argumentar que eles podem fazer inseminação artificial é ignorar que um casal de lésbicas pode fazer o mesmo. Ou mesmo adotar uma criança. Claro, há legislações distintas e em muitos países tais atos não podem ser executados por homossexuais. Mas basear-se nesses pontos para é construir uma justificativa legalista e que poderia ser superada com a adoção conjunta do casamento entre homossexuais, a adoção de crianças por esses casais e a inseminação artificial feita em lésbicas.
Há um outro ponto, cada vez mais relevante: muitas pessoas se casam e escolhem não procriar. Apesar de eu não conseguir entender como alguém pode chegar ao ponto de, optado por não ter filhos, cometer a estupidez de se casar, não posso negar a existência do fenômeno. Não seria essa uma situação equivalente ao do casamento gay?
Claro, existem questões mais mundanas envolvidas. Pessoas casadas possuem, de maneira geral, uma série de regalias legais que as favorecem. Os homossexuais também querem partilhar desses benefícios. Esses casos incluem desde descontos no imposto de renda(tributo que, na minha opinião, não deveria existir) à legislação que versa sobre herança não-testamentada.
Nem mesmo a definição de que casamento é algo restrito a duas pessoas se sustenta. No islamismo, por exemplo, um homem pode possuir várias mulheres; e o instituto do concubinato é constante na história humana, notadamente no período antigo.
Não consigo encontrar, portanto, nenhuma razão fundamental para me opor ao reconhecimento do casamento gay.
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