1 de fev. de 2007

Keynesianismo

Não existe keynesianismo. Sério, isto não existe. Keynesianismo pode ser, no máximo, uma escola dentro do pensamento econômico. Mas qual o pensamento keynesiano a respeito da escolha entre ditadura e democracia? Qual a noção de justiça contida na obra de Keynes? Alguma linha sobre separação de poderes, constitucionalismo, liberdade de expressão?

Quem coloca o keynesianismo como meio termo entre socialismo e liberalismo comete um erro fatal. O socialismo possui fundamentos jurídicos, morais e políticos. Da mesma forma que o liberalismo. Inclusive há, nos Estados Unidos, quem seja neokeynesiano em teoria econômica e liberal no sentido clássico. A base filosófica do liberalismo não se destrói pela modificação dos fundamentos da teoria econômica. Por isto que Hayek gostava de dizer que um bom economista não pode ser apenas economista. O que é um resultado econômico, puro e simples? Ele não existe, pois o resultado da economia nos remete às escolhas individuais, e o indivíduo é muito mais que um agente econômico, apesar de também sê-lo.

Apontar que os mecanismos de mercado produzem um determinado efeito nada nos diz a respeito de qual ação o governo (não) deve tomar. Obviamente, o avanço da teoria econômica pode nos dizer que, pelo fato daquela ação governamental produzir efeitos distintos daqueles que concebíamos, ela (não) seja incompatível com nossos princípios jurídicos, morais e políticos. Apenas neste sentido a teoria econômica pode modificar nosso pensamento ideológico. A não ser que alguém declare como critério normativo, por exemplo, o crescimento da renda per capita. Mas esta pessoa deveria estar preparada a admitir o Sudão, que combina crescente extração de petróleo(aumento do PIB) e genocídio em Darfur(diminuição da população total), como modelo social a ser seguido. Claro, ela poderia alegar que cada país "deve buscar o seu modelo". Mas vale tudo, absolutamente tudo, para alcançar, por exemplo, o crescimento da renda per capita? Eis a questão.

Nenhum comentário: