As críticas da eficiência e da desigualdade
Da minha lista original de críticas ao capitalismo, restaram apenas 3, das quais analiso duas neste texto. A crítica da eficiência se relaciona com a crítica do consumismo, pois diz que as escolhas feitas pelos consumidores não produzem uma alocação eficiente dos recursos, já que parte das riquezas seriam gastas em bens simbólicos e, portanto, sem valor. O erro está em qualificar como sem valor os bens que são simbólicos, pois não são materiais. Os serviços de um músico ou de um jogador de futebol não produzem uma satisfação ilusória em quem os consome.
Uma crítica mais sofisticada poderia ser feita ao afirmar que as preferências do consumidor alocam de maneira ineficiente os recursos num sentido objetivo, a saber, um capital que poderia ser mais produtivo se empregado em outras atividades do que aquelas nas quais ele é empregado atualmente. Novamente, o erro está em ignorar que o emprego mais produtivo do capital se refere a empregá-lo em atividades nas quais ele será mais bem remunerado. Ou seja, só podemos avaliar se um capital é produtivo ou não se ele atende à necessidade dos consumidores, não num nível abstrato de produtividade. Um avião que seja muito mais veloz do que os aviões atuais mas cuja velocidade acrescentada não satisfaça a preferência dos consumidores de tal forma a cobrir seus custos não é economicamente produtivo, apesar de ser mais efetivo se considerarmos simplesmente que ele percorre os vôos de maneira mais rápida do que os outros aviões.
A crítica da desigualdade se relaciona, em parte, com a desigualdade de oportunidade, já vista anteriormente. Essa crítica pode se apresentar em duas formas, já apresentadas anteriormente mas que repito abaixo:
"fraca: Se essa desigualdade for muito grande, haverá uma formação de classes no sentido marxista do termo, provocando a falência do capitalismo. É preciso, portanto, distribuir os recursos(principalmente renda) de tal forma que a demanda pela revolução não aconteça.
forte: somente o socialismo é capaz de distribuir os recursos com igualdade"
A primeira tese é falsa, pois a divisão marxista é entre proprietários dos meios de produção e trabalhadores. Grande parte da desigualdade de renda se dá, atualmente, entre trabalhadores "intelectuais" e "braçais", já que a burguesia, no sentido clássico empregado por Marx, constitui uma parcela ínfima da população. A segunda é falsa, e o motivo decorre da primeira, já que a desigualdade de renda se deve, atualmente, muito mais à desigualdade da produtividade do trabalho do que propriamente de uma oposição entre proprietários e proletários. O socialismo não resolveria esse problema, já que a propriedade estatal dos meios de produção não acabaria com a diferença de produtividade entre os trabalhadores.
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