1 de abr. de 2007

Classe média

A conceituação de classe média pressupõe a existência de duas outras classes, uma alta(ricos) e outra baixa(pobres).

A classe pobre não possui intelectuais. Uma pessoa de origem pobre que acabe por ser tornar um intelectual(supondo que a pobreza não foi um impedimento para que alcançasse tal formação)provavelmente deixará de ser pobre. A remuneração de um trabalho intelectual, seja no setor privado, seja no público, coloca o indivíduo na classe média ou na alta.

Quando se critica, portanto, uma determinada reação como típica da classe média, o próprio acusador provavelmente pertence a esta classe, ou até mesmo a uma classe superior.

O indivíduo pode alegar que está apenas criticando a reação típica, e que, apesar de pertencer à classe média, o seu discurso foge à norma, pois é um intelectual. Mas o intelectual, devido à remuneração do seu trabalho, provavelmente não é pobre, apesar de esta poder ser sua origem. Ou seja, o próprio exercício da crítica é típico da classe média, ou até mesmo dos ricos.

Uma outra tentativa de reformular a crítica é dizer que, apesar de sua posição de intelectual provavelmente o ligar à classe média, seu comportamento se distingue por levar em conta os problemas dos pobres, enquanto os outros intelectuais apenas justificariam a posição do grupo a que pertencem. Mas afirmar isto é ser redundante, pois todos os intelectuais pertencem às classes mais elevadas e, portanto, os diferentes posicionamentos políticos estarão representados naquela parte da sociedade.

Dizer que se foge da norma por tomar partido de outra classe, quando na verdade toda atividade intelectual está contida na classe a qual se pertence, significa ignorar que "tomar partido dos pobres" é, portanto, uma posição ligada ao comportamento daqueles que possuem renda média e dos ricos.

A última opção que nos resta, portanto, é reformular a crítica à classe média como sendo legítima apenas quando parte de pessoas que possuem origem pobre. Ou seja, seria através destas pessoas que a voz dos pobres ganharia força. Necessitamos de uma análise empírica para testar esta hipótese, a saber, se os intelectuais de origem pobre aderem ou não ao discurso crítico da posição de classe média. E, do ponto de vista histórico, investigar se os intelectuais que primeiro formularam esta crítica eram de origem pobre.

Mas uma outra análise empírica nos revelará uma informação importante: se a maior parte dos intelectuais que criticam a classe média enquanto grupo possui origem pobre.

2 comentários:

Edo disse...

Oh, muito me espanta uma curiosidade como essa(rindo um tantinho...).
Primeiramente creio haver uma série de erros conceituais na suas determinacoes. Tanto a classe média quanto a classe alta nao se distinguem apenas pela remuneracao e dizer que nao existem intelectuais pobres é algo nao muito convincente. Uma série de fatores culturais e sociais determinam comportamentos que mostram onde melhor nos "encaixamos".
"Tomar partido dos pobres" nao me parece de forma alguma uma postura tipica das classes que vc cita. Fosse assim as coisas por certo seriam bem diferentes.
E se esse fosse caso, nao entenderia a perda de sua validade pelo fato de nao surgir da classe a qual se refere.

Edo disse...

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