11 de mai. de 2007

Pobres: mais filhos, mais drogas e mais jogos

Num post antigo, eu fiz uma provocação ao dizer que não-economistas possuem dificuldades em entender porque os pobres fazem certas escolhas, e acabam por negar qualquer racionalidade nas decisões tomadas pelos mesmos. Faço agora uma primeira apreciação da questão.

Há uma visão sobre custos que é muito crua, a saber, os custos envolvidos em se engajar numa determinada atividade. Por exemplo, ter filhos implica em destinar uma parte da renda familiar para mantê-los vivos. Mas há um custo que não é diretamente contabilizado, e chamamos estes custos de custo de oportunidade. Custo de oportunidade é tudo aquilo que você precisa abrir mão para escolher agir de uma determinada forma. Quando eu escolho usar meu tempo de lazer para ir ao cinema, existe um custo que vai além dos meros gastos que terei: uma unidade de tempo gasta para ir ao cinema é uma unidade de tempo a menos que tenho disponível para, por exemplo, estudar para uma prova.

Por que o custo de oportunidade é importante? O custo de oportunidade é importante porque, ao perder a oportunidade de fazer uma determinada coisa, eu abro mão de todos os benefícios que poderiam ser obtidos se tivesse feito aquela escolha.

Se formos analisar com cuidado, veremos que ter muitos filhos, usar uma boa parcela de sua renda consumindo drogas ou gastar seu dinheiro com jogo envolvem um grande custo de oportunidade, mas somente para aqueles cujas alternativas são relevantes e valiosas. Provavelmente ter um filho atrapalharia os estudos de uma pessoa, mas se não há perspectiva em continuar seus estudos num nível mais avançado, este custo acaba não pesando, visto que esta oportunidade é remota.

Creio que aplicando o mesmo conceito de custo de oportunidade podemos chegar a respostas aproximadas sobre as outras questões. Mas, novamente, são apenas algumas conjecturas dentre várias outras que podem ser feitas, e devem ser criticadas, principalmente através da análise de dados.

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