29 de dez. de 2006

A crítica da oportunidade - parte 1

Se a crítica marxista leva à rejeição absoluta do capitalismo, as críticas da discriminação e da oportunidade podem inspirar medidas reformistas, sem que o modelo capitalista precise ser abandonado. O problema é que os objetivos pretendidos são inalcansáveis e, na luta por realizá-los, pode-se acabar destruindo as próprias bases do capitalismo.

A crítica da oportunidade aceita o funcionamento da economia capitalista, mas rejeita a situação na qual nem todos possuem a mesma oportunidade na hora de disputar o seu papel com outros. Uma competição na qual nem todos os competidores largam do mesmo ponto de partida seria injusta.

Quando perguntado se o Estado poderia garantir a igualdade de oportunidade, Hayek mostrou-se cético e colocou uma questão fundamental: a oportunidade que o Estado oferece pode ser igual, mas isso não significa que a oportunidade final dos indivíduos será a mesma. Ou seja, a busca pela igualdade de oportunidades só pode alcançar a garantia de uma oportunidade igual mínima.

Por exemplo, ao garantirmos que todos numa determinada sociedade sejam alfabetizados, não significa que todos estarão igualmente qualificados em sua educação, mas sim que todos estarão iguais num determinado aspecto, o de serem alfabetizados.

Não que essa oportunidade mínima seja desprezível. Principalmente se imaginarmos que, em certas situações, existem impedimentos objetivos(fricções) que atrapalham a mobilidade social. Um indivíduo analfabeto, por exemplo, é objetivamente incapaz de exercer uma série de atividades. Sim, é verdade que todos nós somos objetivamente incapazes de exercer uma série de profissões. A questão é saber até que ponto nós podemos contornar essa situação em nossas vidas através de nossas escolhas, ou se nossas escolhas estão limitadas por essa situação.

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