5 de fev. de 2007

A vantagem evolutiva das teorias herméticas

Uma teoria hermética, ao contrário de uma teoria aberta, possui a vantagem evolutiva de forçar aquele que a estuda a se aprofundar, cada vez mais, nela mesma, para que possa entendê-la. Já uma teoria aberta pode sempre ser julgada "de fora". Mesmo quem não conhece a teoria neoclássica com profundidade pode julgá-la como irrealista, e o modelo do homem racional como ausente de bases psicológicas que o sustentem. Este julgamento se aproxima, e muito, de uma boa descrição da teoria neoclássica, a diferença sendo maior no fato de que, para os "de fora", estas características são normalmente tidas como negativas, enquanto que os economistas normalmente consideram que este é um bom modelo para se trabalhar.

Ou seja, mesmo que não concordemos com o julgamento dos "de fora", dificilmente poderemos considerá-lo como "irracional" ou "sem sentido". Já no caso das teorias herméticas, a crítica é quase sempre desqualificada como fruto de uma "incompreensão" da teoria em questão. O crítico se vê, então, diante de duas alternativas: ou ignora por completo a teoria hermética e se concentra na crítica a teorias abertas, ou precisará aprender a como manipular os conceitos utilizado por aqueles teóricos. Mas, se não for reconhecido o caráter hermético daquela teoria, o estudioso se enterra cada vez mais nela e não consegue mais sair.

Bem se vê a diferença de fertilidade das teorias abertas e das teorias herméticas: enquanto as primeiras incentivam críticas racionais, a busca pelo aperfeiçoamento e o surgimento de novas teorias, as últimas apenas produzem comentários sobre elas mesmas. A obra de Martin Heidegger nunca produziu nada além do que outras obras que comentam a obra de Martin Heidegger.

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