29 de mar. de 2007

Um liberal precisa ser antipático

Um liberal, hoje, precisa ser antipático.

Não é possível mais defender o liberalismo sem contrariar os interesses e idéias de muita gente.

Um liberal precisa atacar o estado de bem estar social(o que não é o mesmo que defender o fim de toda rede de proteção social).

Um liberal precisa atacar o protecionismo.

Um liberal precisa defender os direitos de propriedade dos favelados.

Um liberal precisa combater os monopólios estatais.

Um liberal precisa defender o fim dos crimes sem vítima(jogo, drogas, etc).

Um liberal precisa atacar o problema da pirataria com inteligência(tentando criar uma rede institucional que estimule o consumo de produtos originais, focando menos na mera repressão).

Um liberal precisa reestabelecer o contrato de trabalho voluntário, sem a exigência da intermediação sindical. Sindicatos, aliás, devem estar sujeitos à concorrência.

Um liberal precisa questionar toda burocracia para ver o que resta no final. Toda mesmo, inclusive a legislação que rege a prática da medicina e a que obriga que motoristas precisem de carteira. Não é possível defender que toda burocracia seja a priori ineficiente, mas provavelmente precisamos de menos mecanismos burocráticos do que temos hoje. Mas só reduziremos a burocracia se presumirmos a liberdade como norma e não como excessão.

Um liberal precisa acabar com as corporações de ofício. A vinculação a OAB deve se tornar voluntária.

Um liberal precisa defender que instituições privadas, enquanto não atuem ou dependam do governo, possam discriminar seus clientes da forma que acharem melhor. Isto vale tanto para escolas quanto para planos de saúde.

Um liberal precisa defender até mesmo a venda de órgãos humanos. Não porque ele defenda os atos de compra e venda por si mesmos. Mas sim porque pessoas morrem esperando por órgãos e a formalização deste mercado pode salvar vidas.

Um liberal precisa defender a concorrência na oferta do transporte público.

Um liberal não é um polemista per se. Mas é forçado a sê-lo, num mundo em que, a partir do momento que se torna mais liberal, realoca as energias liberais em temas menos consensuais. Somos forçados a defender estes temas. Senão soaremos antiquados e ultrapassados, combatendo totalitarismos que não estão mais no horizonte.

Um comentário:

Reginaldo Macêdo de Almeida disse...

Renato,

Defender o direito à propriedade do favelado sim, desde que antes defenda o direito do proprietário da terra invadida.