22 de mar. de 2007

O meu problema com o termo esquerda

É que ele pode significar várias coisas distintas. Peguemos, por exemplo, o marxismo. Devido à experiência comunista do século xx, marxismo esteve na ordem do dia como doutrina esquerdista por excelência. Pelo menos se definiam desta forma.

Existiam aqueles que eram socialistas mas que não nutriam simpatias pelo marxismo, muito menos pelo comunismo. "Progressistas", "reformistas", "intervencionistas", cada um pregrando um tipo específico de socialismo.

Temos, por último, a linhagem que atualmente se define como socialdemocrata, que admite a existência da economia de mercado mas não abre mão da intervenção do Estado como "correção" do resultado da interação privada.

O marxismo, hoje, está em baixa. O socialismo democrático ainda possui seus adeptos, mas tem um cheiro de antiquado que é difícil disfarçar. Parecem muito mais saudosistas da época em que o futuro parecia coincidir com as suas aspirações, e lamentam a situação do mundo atual. Não conseguem entender ou aceitar as críticas que são feitas em relação aos efeitos perversos do intervencionismo que lutaram para implementar. Este é um tipo, aliás, que possui grande chance de se transformar em defensor do conservadorismo, já que compartilha com ele a aspiração por um mundo que se perdeu.

Já os socialdemocratas são, digamos, mais pragmáticos. Admitem que a intervenção do Estado nem sempre é efetiva, por exemplo. E não se focam tanto no meio utilizado no passado para alcançar os objetivos pretendidos. A propriedade pública dos meios de produção já não faz mais parte do seu leque de opções. Mas ainda admitem que o Estado faça uma série de intervenções.

O marxismo mostrou-se incrivelmente errado. O socialismo democrático pareceu factível durante algum tempo, mas o seu projeto idealista faliu ao não conseguir enfrentar os seus próprios fracassos. E a socialdemocracia está aí, ainda como alternativa. É o Estado do Bem Estar Social, com os seus 3 grandes investimentos: previdência, saúde e educação. E, mais do que nunca, com sua preocupação ecológica.

Até que ponto um socialdemocrata admite o funcionamento da ordem de mercado ou a doutrina dos direitos individuais, é difícil dizer. Mas estão muito mais próximos do liberalismo do que estiveram os socialistas, sem dúvida alguma.

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